Entrevista com Beatriz Leandro

Beatriz é corredora de vaquejada e apaixonada por cavalos assim como nós, conversarmos com ela sobre como ela começou no esporte e quais dificuldades encontrou.

Confira a entrevista abaixo:

Como você começou a relação com os cavalos?

Através de familiares. O meu pai sempre teve uma paixão por animais, mas com o decorrer do tempo, entre mudanças da vida, essa paixão esfriou um pouco, porém sempre pulsava em seu coração. Com isso, no meu crescimento, eu sempre parava para ouvir as histórias que já tinha vivenciado com animais, as noites de vaquejadas, história do seu primeiro animal, entre outras. E dentro disso ele me despertou esse afeto e amor que sinto por cavalos fazendo aquecer esse sentimento que ele tanto ama no seu coração. E outro familiar, ex-companheiro da minha vó, o vaqueiro “Bastião de Bil“, criador e vendedor de animais. Sempre teve presente desde a infância do meu pai e na minha com essa grande paixão por cavalos. Uma caminhada longa no ramo, o qual me deu todo apoio e incentivo desde o início, inclusive me presenteou com o primeiro animal .

Lembra qual foi o seu primeiro cavalo?

Moreno 🏇🏼.

Antes de Vaquejada você chegou a praticar algum esporte equestre?

Não.

Quando foi que surgiu o interesse na Vaquejada?

Mais uma vez o meu pai presente – sempre (risos) – ao se relacionar com o esporte. Através do incentivo do meu pai, Bastião me proporcionou um animal de esteira, “Moreno“, como citei acima. Foi uma amizade que se fortaleceu mais ainda quando agregou a paixão pelo cavalo. Inspiração e sempre juntas nas corridas, Bebel Garcia, meu amigo Rubinho L também sempre estava disposto a ajudar e passar suas experiências na esteira, onde eu dei início ao esporte.

Você teve alguma dificuldade para aprender a correr boi? Quais foram as maiores dificuldades no início?

Sim. Mas dificuldade também faz parte do processo pra alcançar e evoluir no meio da caminhada dos nossos sonhos e objetivos.
Encontrar um animal mais experiente, manso, para que eu pudesse dar início aos primeiros ensinamentos e absorver melhor os ensinamentos passados.
Entre anseios, vontade, paixão e sonho tenho orgulho de fazer parte desse esporte.
Lembre-se, seja sempre um aprendiz e aprenda todos os dias 1% mesmo em meio as dificuldades.

Como eram as provas quando você começou a correr?

Quando dei início ao esporte em nossa cidade e em cidades circunvizinhas não corria categoria feminina, corria junto à categoria aspirante, ao longo do tempo incluíram a categoria mirim, onde comecei a correr. Logo após alguns anos surgiram outras amazonas e nosso esporte foi sendo visto e um pouco mais valorizado. Com isso fomos nos fortalecendo. Mas ainda são necessárias algumas mudanças para valorização de nossa categoria .

Você teve apoio dos seus pais?

Meu pai sempre dividiu esse sonho comigo, posso até incluir como nosso. Sempre me apoiou como fez e faz em tudo, mesmo com coração às vezes tenso. Minha mãe sempre teve um pouco de medo, receio, pois é um esporte que tem seus riscos como tudo aquilo que praticamos. Comecei a correr nova e isso deixava ela mais tensa, mas com o decorrer dos anos aquietou um pouco esse medo e hoje torce junto comigo .

A Vaquejada é um esporte que pode machucar e você já se machucou alguma vez? Quais cuidados você toma para se proteger?

Sim, como citei na pergunta acima é um esporte que tem seus riscos como tudo aquilo que praticamos, assim como outros esportes! Nada sério que fosse necessário ir ao hospital, graças a Deus! Machucados como pancadas, desmentir o dedo, machucado no joelho, dores musculares. Mas mesmo com outras prioridades e responsabilidades, sempre que possível, estamos aí. Nada de desistir!!!
Correr sempre com caneleiras, capacete e buscar sempre estar protegido tanto nas corridas quanto nos treinos.

Qual título mais importante que você ganhou?

Já fiquei entre as colocações de primeiro e segundo lugar.
Título até então nenhum.
Espero que nosso esporte tenha mais valorização em nossa região e que possibilite mais oportunidades.

Tem algum título especial que você queira ganhar?

Como diz a vaqueira Bia Alves em sua entrevista: “acredito que ser campeã brasileira é um sonho pra qualquer uma de nós!”
Verdade, espero que todas vaqueiras, assim como eu, possam alcançar cada um dos seus sonhos. Lembrar sempre que não somos rivais nem concorrentes, somos mulheres que lutamos por um só objetivo: ocuparmos nosso lugar.

Pois lugar de mulher é onde ela quiser, não existe essa história de sexo frágil. Juntas somos mais fortes!

Hoje já temos grandes vaqueiras correndo vaquejada, quais atletas te inspiram?

Dayane Pereira, Jenniffer Emmanuellen, Cariline Silva dentre outras várias mulheres que representam a força da mulher brasileira nas corridas de boi.

Tem alguma superstição antes de entrar nas pistas?

Antes de entrar e ao entrar na pista oro para que Deus com suas mãos divinas nos livre de todo mal e perigo e que guie as rédeas do meu cavalo com cuidado e proteção. Sempre orando no meu íntimo com Deus!

Já sofreu algum tipo de preconceito?

Não.

O que tem que melhorar na categoria feminina?

O x da questão é inclusão e valorização.
A premiação, a igualdade, pois o mesmo gasto que os vaqueiros têm nós temos também.

Que conselho você daria para uma menina que gostaria de começar a correr boi?

Somos movidos a sonhos, e a vida pede movimento. Então se supere todos os dias, não se limite. Vá em frente, seja humilde, esteja disposta a enfrentar as dificuldades, as pedras no caminhos e aprenda com elas. Como citei, faço 1% todos os dias, os resultados virão em meio ao processo .

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *