Entrevista com Georgia Ortega, presidente da ABCQM – Associação Baiana dos Criadores de Cavalo Quarto de Milha

Georgia Ortega é uma apaixonada pelo universo equestre, especialmente pelo cavalo Quarto de Milha. Com uma trajetória marcada pela dedicação aos esportes equestres. Atualmente, ela é presidente da ABCQM (Associação Baiana de Criadores de Cavalo Quarto de Milha). Sob sua liderança, a ABCQM tem alcançado avanços significativos. A associação está consolidando a raça. Ela também está promovendo o crescimento dos esportes equestres na região. Georgia é conhecida por sua visão inovadora e pelo compromisso com o desenvolvimento da equideocultura na Bahia.

Georgia, você sempre esteve ligada ao mundo equestre. O que despertou sua paixão pelos cavalos e como isso evoluiu ao longo dos anos?

Sempre estive ligada ao mundo equestre. Fui criada passando as férias na fazenda quando morava no Mato Grosso. Desde cedo, fiz hipismo clássico.

Como foi sua trajetória no Team Penning e o que mais te fascinou nesse esporte?

Cheguei na Bahia em janeiro de 1999. Em abril, fui convidada para conhecer a ExpoBahia, onde estava acontecendo Team Penning na pista central. Ainda eram poucos trios, mas fiquei encantada com um esporte que todos podiam praticar. Inclusive, comecei a competir com cavalo emprestado nessa feira, e depois levei minha irmã e meu pai.

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Você foi uma das responsáveis por trazer o Ranch Sorting para a Bahia. O que te motivou a introduzir esse esporte na região e como tem sido a recepção dos praticantes?

O Ranch Sorting foi trazido para a Bahia por Marcos Alexandre “Tét” em 2018, um apaixonado por cavalos e atleta. Depois de conhecer o esporte, fui convidada pela comissão já existente. Eles me escolheram para ser presidente do Campeonato Baiano na edição de 2023. A motivação é a mesma do Team Penning. É um esporte que envolve a família. Qualquer pessoa pode praticar. Economicamente, custa pouco para ser movimentado. Exige poucos bois para ser conhecido por um grande número de duplas.

A presidência da ABCQM é uma grande responsabilidade. O que te levou a assumir esse papel e quais são os principais desafios que você enfrenta?

A presidência da ABCQM vem com o grande desafio de mostrar o potencial que a raça Quarto de Milha tem na Bahia. Esse potencial é visto tanto em termos de atletas, quanto de animais e criadores. Acredito que a Bahia precisa ser vista como realmente é: um estado grande e importante para a raça. O desafio é conhecer os eventos em potencial. É necessário conectar os organizadores para torná-los mais próximos e unidos. O objetivo é fomentar a raça e suas modalidades.

A gestão da ABCQM sob sua liderança tem recebido muitos elogios. Quais foram as principais conquistas que você gostaria de destacar?

Acho que as principais conquistas ainda estão por vir, nas sementes que estamos plantando. Estamos fazendo um trabalho devagar e consciente na modalidade de Vaquejada. Estamos trazendo de volta para o estado a constância e adesão à ABVAQ. Também estamos trazendo as provas oficializadas pela ABQM. Estamos apresentando projetos para instituições que fomentam a capacitação e melhorias. Nosso foco é o crescimento da cadeia econômica e o bem-estar animal. Aos poucos, estamos também trazendo de volta a cultura de pontuar animais, apresentando números fornecidos pela ABQM. É um trabalho de muita paciência, mas tenho certeza de que o retorno virá.

Georgia Ortega

O cavalo Quarto de Milha tem uma importância especial para você. Como essa raça impactou sua vida e o desenvolvimento dos esportes equestres na Bahia?

Acho que o Quarto de Milha encanta a todos. Primeiramente, pela sua estrutura física, que impressiona logo de cara. E depois, pela sua versatilidade. Hoje, o Quarto de Milha é minha rede de relacionamento. São amigos que o cavalo me deu. Negócios surgiram através do cavalo. E há parceiros. O esporte equestre na Bahia tem crescido absurdamente, tanto no número de animais comercializados quanto no número de novos atletas. Isso, consequentemente, impulsiona o crescimento da economia nos eventos e nos centros de treinamento. Hoje, o Quarto de Milha é a raça que mais cresce na Bahia e no Brasil.

Você sempre foi uma fomentadora dos esportes equestres. Como você enxerga o futuro desses esportes na Bahia?

Mesmo antes de ser presidente da ABCQM, sempre acreditei que pontuar animais traz algo especial. Valoriza tanto os animais quanto os atletas. A ABQM faz um trabalho excelente. Ela valoriza o criador, o atleta e o animal. Tenho esses planos para a Bahia.

O que significa para você ver o crescimento e a popularidade desses esportes no estado e no Brasil?

Sempre fui muito ligada à família e sempre fui muito bem acolhida por outras famílias. O esporte traz essa consequência, porque ele leva a família a prestigiar o competidor. Além disso, como já mencionei, é muito gratificante ver pessoas vivendo do esporte, transformando-o em profissão. Acho que, de uma maneira impactante, esses esportes têm conciliado sonhos, profissões, famílias e o crescimento da economia da equideocultura.

O que você mais valoriza na cultura equestre, especialmente no contexto da Bahia, e como isso se reflete no seu trabalho na ABCQM?

No meu trabalho recente na ABCQM, estou conhecendo pessoas que realmente querem ver a Bahia num cenário diferente. Isso se aplica a várias modalidades. Acho que isso tem muito valor. Pessoas que, em prol do esporte e da raça, nos abrem portas. Eles deixam de lado a vaidade para ver um projeto ir além do papel. Acho que o cavalo e a cultura equestre trazem isso. No verdadeiro sentido da palavra, o cavalo faz o “elo” entre pessoas com o mesmo objetivo.

Você mencionou que vive em um ambiente de muita cobrança e que os momentos no campo são terapêuticos para você. Como você equilibra essas duas realidades?

É verdade, eu sou vendedora e me cobro muito. Sou determinada e focada, e talvez isso me faça “achar” que o ambiente é de muita cobrança. Faço do ambiente de competição, dos finais de semana de treino, um momento de esquecer as metas. Agora, à frente da ABCQM, tenho muitos eventos para conhecer e prestigiar. Às vezes, me pego nos eventos fazendo planos para 2025. Na maioria das vezes, procuro socializar. Levo minha filha exatamente para equilibrar as realidades e lembrar que esses ambientes sempre foram meu momento de terapia.

A moda country está fortemente ligada ao universo equestre. Como você incorpora esse estilo no seu dia a dia e em eventos importantes?

Eu sou muito básica e, apesar de amar botas, ainda sou amante do bom salto fino de um scarpin. Ultimamente, tenho adotado camisas de botão mais chamativas para trabalhar. Também uso essas camisas para ir às provas. Mas esse ainda é um ponto que preciso me adaptar. Os dois acessórios do universo country que todo mundo vê em mim são a bota e o boné. Sou amante do boné, e se pudesse, trabalharia com um boné estiloso o tempo todo.

Como você vê a parceria da marca Vaquera com a ABCQM? O que te atraiu na proposta da marca e como você vê essa colaboração?

Como já disse, o cavalo une pessoas com o mesmo propósito. A Vaquera pertence a empresários que fomentam o esporte e a raça. Esses empresários colaboram de forma integral para ajudar os projetos a saírem do papel. Acho nobre e incrível que os donos da marca tenham esse desprendimento e colaborem dessa forma com a associação. Acredito que essas ações devem servir de exemplo para outros empresários, não só na Bahia, mas em todo o Brasil.

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As camisetas da Vaquera têm uma forte conexão com a força da mulher no universo country. Como você acredita que essa mensagem se alinha com sua identidade e trajetória?

Há um best-seller internacional chamado “Criando Meninas”, da autora Gisela Preuschoff. Ele tem um trecho que fala sobre o que o cavalo pode significar para as meninas. Ele diz: “Como parceiro no relacionamento, o cavalo nada exige. A menina conversa com ele sobre o que é melhor para ela. E o cavalo demonstra que é possível assumir compromissos sem perder a dignidade e que a adaptabilidade não significa submissão.” Fui criada em cima de um cavalo. Exatamente como o livro diz em outros trechos. O cavalo ensina a menina a ter pulso. Em cima do cavalo, a mulher vivencia autonomia e força. Quem me conhece sabe bastante sobre minha personalidade forte e sincera, e acho que o cavalo contribui muito para isso.

Como presidente da ABCQM, qual é a sua visão para o futuro do cavalo Quarto de Milha na Bahia e no Brasil?

No Brasil, a raça já é vitrine de eventos, projetos e números crescentes. Na Bahia, temos planos ousados e parcerias que pretendem mudar o cenário neste biênio da ABCQM. Já estamos obtendo alguns resultados positivos, e acredito que 2025 trará um grande impacto para a raça.

Por fim, que conselho você daria para outras mulheres que desejam seguir uma carreira no universo equestre, seja como competidoras ou líderes como você?

É preciso se permitir, ter coragem de experimentar, errar, perder e ganhar. Precisa-se começar de alguma forma. Na minha opinião, a parte mais importante é pedir ajuda de quem é mais experiente. Pode ser como competidora ou como líder. Confio nos valores antigos, onde a hierarquia é honrada, e vejo uma potência enorme de líderes e amazonas na Bahia. No que depender de mim, as portas estarão sempre abertas para quem se desafiar a começar.

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