
Entrevista com Maria Luiza
Maria Luiza é uma mineira, estudante de Medicina Veterinária e apaixonada por cavalos assim como nós, conversarmos com ela sobre como ela começou no esporte e quais dificuldades encontrou.
Como começou a sua relação com fazenda, cavalos, boi e todo o meio rural?
Meus pais nasceram e foram criados na roça, minha criação e meus princípios vêem do campo, cresci vendo meu pai levantar as 4:00 da manhã pra tirar leite, com o tempo passei a acompanhá-lo no que dava, a minha relação era maior com os cavalos e hoje grande parte das minhas escolhas (se não todas) são fundamentadas no modo em que fui criada.
O que você mais lembra da época que ia pra fazenda com seu pai?
Das nossas conversas, dos costumes antigos, ele me ensinava o tempo todo, até mesmo sem perceber. Ele fazia de tudo um pouco, e eu amava observar, o jeito que lidava com os animais, ferrava, tratava, e principalmente como ele agia durante os problemas.


Você lembra o nome do primeiro cavalo que seu pai te deu? Você ainda tem ele?
Sim, tinha uns 10 anos, e era louca pra ter um animal pampa, insisti tanto que ele me levou em um local que tinha vários animais a venda e escolhi justamente o pampa. Dei o nome de Bolero, não era de raça, tinha 1 ano e meio. Aprendi muito com esse potro, foi um processo até ser feito a doma dele e pra mim foi super importante acompanhar, entender o lado bom mas principalmente os das dificuldades. Hoje não tenho ele mais, em 2018 fui estudar fora e tive que vendê-lo.
Porque você escolheu cursar Medicina Veterinária?
Ouso dizer que a única certeza que eu tinha era o curso que queria fazer, os animais me ensinaram e continuam me ensinando muito, não somente a lidar com eles, mas principalmente com pessoas, então nada mais justo que fazer disso minha profissão.
Nunca passou pela sua cabeça em fazer outra coisa que não fosse veterinária?
Não, se eu tivesse que escolher outro curso confesso que estaria perdida (risos).

Seu pai teve a alegria de te ver ingressar na faculdade?
Não, ele faleceu em 2017 quando eu ainda estava no 3° ano, mas compartilhávamos o mesmo sonho, sempre falei pra ele da minha vontade de cursar medicina veterinária e ele sempre me apoiou. Sinto que mesmo longe ele me fortalece e está feliz por mim.
Qual maior dificuldade no curso até agora?
Falando de faculdade num geral, pra mim a mudança do interior para estudar na capital demandou bastante esforço, uma rotina totalmente diferente do que estava acostumada. Sobre o curso de medicina veterinária, não tenho algo a pontuar, passamos o tempo todo por algumas situações complicadas, alguma matéria que não se identifica, algum trabalho mais cansativo, mas tenho pra mim que são dificuldades necessárias para nos preparar para o mercado de trabalho.
Hoje existe muita cobrança com quem trabalha com produção agropecuária, principalmente de veganos e vegetarianos. Como você vê isso?
Vejo que tem muita gente desinformada querendo opinar sobre assuntos que não tem conhecimento, num geral. Acredito que a base é o respeito entre ambas as partes.
Existem várias especialidades dentro da Medicina Veterinária, por qual você se interessa mais e porque?


Entrei na faculdade com minha cabeça voltada para equinos devido o contato que já havia tido com eles, no decorrer fui tendo experiências com equinos e bovinos, fui entendendo as especificidades de cada espécie, e hoje os bovinos tem meu coração, fazendo estágios descobri que meu grande interesse é pela área de reprodução, vamos ver até o final do curso.
Por morar em Minas Gerais sua relação maior é com a raça Mangalarga Marchador?
Sim, minas é o berço da raça. E falando pela região onde eu moro, grande parte dos animais são ou possuem sangue Mangalarga.
Você conheceu algumas provas do quarto de milha em um evento em BH, não foi? Conta um pouco como foi essa experiência.
Sim, foi uma experiência incrível bem diferente do que estava acostumada, as provas com quarto de milha são fundamentadas na lida do campo e isso me chama muita atenção.
Achou muito diferente montar em um Quarto de Milha?
Total, desde o andamento ao arreamento (risos), a forma de conduzir, achei bem diferente.
Pretende praticar algum esporte equestre futuramente? Qual?
Sim, muitos – (risos) – minha região é bem restrita a esses esportes, mas acho super interessante Team Penning, Ranch Sorting e Três Tambores. Faria fácil qualquer um deles (risos).
Parabéns pelo registro e documentário de vida desta linda garota.