Natália Franco – Desafios e Superação na Vaquejada – Experiência de uma Competidora Iniciante
Você mencionou que começou a treinar e correr em vaquejadas recentemente. Como foi essa jornada de superar o medo e entrar de cabeça nesse esporte?
No início, eu tinha muito medo. Os meninos falavam para eu pelo menos montar. Então, todo santo dia eu ia montar e galopar os cavalos. No início, eu comecei a bater esteira, mas eu não conseguia nem descer para pegar o rabo do boi. Com o decorrer dos dias montando, eu fui pegando equilíbrio. Eu comecei a bater esteira bem. Aí, eu comecei a alinhar os bois. Apesar de eu ter meu cavalo para aprender, ele também era iniciante e inteiro, então eu não conseguia correr nele. Quando comecei a alinhar os bois, alinhava em outro cavalo, não no meu, mas toda vez eu caía na hora do cavalo abrir, e isso me deixava cada vez mais com medo. Até que um dia, meu professor, Auricélio Babu, me entregou um cavalo. Eu consegui alinhar dois bois nele. O cavalo abriu e eu não caí. A partir desse dia, perdi o medo de alinhar os bois, inclusive comecei a alinhar no meu cavalo. Como mencionei, eu sempre caía, inclusive quando comecei a puxar, não havia um treino em que eu não esfregasse a cara no chão. Mas, em momento algum, pensei em parar, mesmo me machucando na maioria dos treinos; eu não queria parar, só aumentava a vontade de continuar. Nunca tinha conseguido derrubar um boi até que, em um bolão, consegui colocar meu primeiro boi no chão. Inclusive, ganhei o bolão e fiquei extremamente feliz. Eu vi que queria continuar nesse esporte e crescer nele.
Qual foi o maior desafio que você enfrentou ao começar a montar e competir, especialmente sem ter crescido nesse meio?
O maior desafio que enfrentei foi o medo e a frustração. Quando vi que outras meninas conseguiam e eu não, me frustrava e pensava em parar. Pensava que o esporte não era para mim por eu não ter crescido no meio, mas percebi que esse esporte é para todos que têm coragem de aprender.
Seu tio foi uma grande inspiração para você começar na vaquejada. Como foi a influência dele nesse processo?
Apesar de meu tio ser iniciante também no esporte, ele foi um dos meus maiores apoiadores. Sempre me incentivou a continuar e tentava me auxiliar da forma que podia. Sempre me elogiou para todos e dizia que eu era dura, e isso fazia eu me sentir melhor e continuar.
Qual foi o momento mais marcante até agora na sua trajetória na vaquejada?
Acredito que tive muitos momentos marcantes, apesar de pouco tempo correndo. Como, por exemplo, o primeiro boi que coloquei no chão. A primeira vez que senti confiança ao abrir o cavalo, que não senti medo de boi nenhum, independente da velocidade e tamanho, que ganhei um prêmio ao lado das pessoas que amo. A primeira vez que corri uma vaquejada grande. E não poderia faltar a primeira vez que corri no meu cavalo em uma vaquejada e bati senha no meio dos homens. A primeira vez que fui correr vaquejada, minha mãe me entregou um tercinho. Ela pediu para eu guardar no meu bolso na hora de correr. Ela disse que isso me protegeria. Desde então, nunca mais corri nenhuma vaquejada sem o terço que ela me entregou. Por isso, muitas vezes estou com a mão no bolso antes de entrar na pista; é onde o terço fica, e sei que ele me dá proteção.
Como você descreve a sensação de competir em uma vaquejada? O que mais te emociona durante as provas?
A sensação de correr vaquejada para mim é uma mistura de medo, felicidade, um frio na barriga, mas também imensa gratidão por fazer o que amo. O que me deixa mais emocionada durante as provas é a hora de conversar com Deus e pedir a minha proteção.
Como foi a experiência de comprar seu primeiro cavalo? O que esse momento significou para você?
Como descrever a sensação de ter um cavalo, algo que você sempre sonhou? Foi um misto de sensações, mas com a certeza de que eu ia aprender a correr porque estava determinada a isso.
Qual é a sua rotina de treinos e como você se prepara para as competições?
Minha rotina é bem complicada porque faço faculdade e trabalho, então treinar é bem difícil. Na verdade, gosto de dizer que prefiro ir para a vaquejada sem treinar, porque fico menos nervosa. Mas sei que é muito importante o treino. Quando está chegando perto de uma vaquejada, eu vou pelo menos 1 mês antes passar o cavalo. Aproveito para corrigir o que estou fazendo de errado. Mas acredito que o que mais preciso trabalhar é também a questão do psicológico. Eu sempre tenho esse medo dentro de mim. Quando entro na pista, fico muito nervosa.
O que a vaquejada representa para você em termos de cultura e tradição?
Eu acho a cultura da vaquejada muito linda. Apesar de eu não viver da vaquejada, admiro muito quem vive. E dentro da vaquejada, a gente aprende o que é amizade, o que é companheirismo, o que é ajudar o próximo sem esperar nada em troca. Para mim, isso é a vaquejada.
Você acredita que a vaquejada é um esporte que está crescendo entre as mulheres? Como você vê o papel das vaqueiras nesse cenário?
Acredito que a categoria feminina ainda é bem desvalorizada em muitas vaquejadas. Mas também vejo o quanto o público gosta e abraça a categoria feminina. Hoje, a categoria feminina vem crescendo bastante, e fico extremamente feliz vendo o quanto mais meninas querem correr. Porém, ainda em alguns lugares, a categoria feminina é desvalorizada, e acredito que essa geração de vaqueiras atual e futura vêm, de toda forma, tentando mudar isso. Vamos tentar crescer nossa categoria ao máximo que pudermos.
Quando você não está competindo, como gosta de passar o tempo com seu cavalo?
Como eu falei, minha rotina é bem corrida, mas sempre gosto de tirar um tempinho para passar com ele; acredito que seja muito importante.
Como a moda country, especialmente as camisetas da Vaquera, complementa seu estilo dentro e fora das competições?
A moda country vem crescendo cada vez mais, não só entre as vaqueiras, mas entre as meninas que também admiram o esporte. E as camisetas da Vaquera vêm cada vez mais belas. Elas abrilhantam a categoria feminina, com essas mulheres tão lindas que correm vaquejada.
O que você mais valoriza nas camisetas da marca? Como elas se encaixam no seu guarda-roupa de vaqueira?
Eu sou apaixonada pela moda country. Por mim, vestiria as camisetas da Vaquera em todo lugar, com calça e bota. E essa moda vem crescendo cada vez mais entre o público feminino. O que mais valorizo nas camisetas da Vaquera é que elas representam mulheres fortes e guerreiras, que acredito ser o que somos.
Como foi a decisão de se tornar uma embaixadora da marca? O que te atraiu nessa parceria?
O que me atraiu na marca foi a beleza, a simplicidade e a força, que, para mim, hoje é o que representa a categoria feminina.
Como você vê a relação entre moda e vaquejada? De que forma o seu estilo pessoal reflete sua paixão por esse esporte?
Eu sou uma mulher muito vaidosa, então me preocupo muito com como vai estar minha imagem na hora de correr. Apesar de ter muitas outras coisas para me preocupar, eu sempre me preocupo com a minha imagem. E me vestir bem ao ir correr reflete minha paixão pela vaquejada.
Quais são seus objetivos futuros tanto como competidora quanto como influenciadora no mundo country?
Eu amo correr vaquejada e também amo trabalhar com a internet, e as duas coisas vieram juntas ao mesmo tempo. Então, quero crescer cada vez mais na internet e na vaquejada. Quero mostrar para todo mundo a força da mulher nordestina e a força da mulher vaqueira. E me destacar o quanto puder no meio da vaquejada.